quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Vento



Passo a mão na cara, continuo absorvida em pensamentos. Pensamentos, esses, que me fazem abstrair e sair do mundo real que me rodeia.
Vou à torneira, coloco as mãos debaixo da água fria que corre, deixo a água correr sobre as mãos até as sentir frias e geladas e num gesto quase maquinal passo as mãos nas têmporas... uma dor de cabeça começa a surgir.
Saio de casa e faço o caminho de sempre... No comboio olho para o exterior através do vidro, como se este fosse uma lupa, tento perceber os olhares, os gestos, os passos que cada pessoa faz. Então algo em comum começo a encontrar, a rigidez dos rostos, a ausência de sorrisos e o passo acelerado ou quase de corrida são uma constante no vai e vêm constante que se passa no exterior.

O vento sopra com força, começa a assobiar e num momento em que o som foi mais elevado eu acordo. Olho em volta e tento perceber se foi real ou um sonho, dou conta então que foi um sonho. Instintivamente e num gesto rápido de cabeça olho pela janela vejo então que o vento sopra com força, as árvores estão dobradas, as pessoas vão no seu passo acelerado...quase de corrida encolhidas no meio dos casacos e cachecóis... os rostos esses, não os vejo estão longe, (longe da vista e longe do contacto das pessoas) … mas percebo pelo passo e atitude que não diferem muito do sonho que tive… a tristeza e solidão está a tomar conta do espaço das pessoas...