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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Trago te comigo

Esqueço-me dos nomes todos. Tu não?
Eu esqueço-me das pessoas.
Mas eu não era assim.
Eu também não.
Eu lembrava-me de tudo.
Tudo é muito. Acaba por não caber. O importante é que te lembres de mim, sim?
Isso não posso. Como é que queres, se te trago comigo dentro de mim?

[…]

O que é que tu estás a fazer em mim?
Eu estou a escrever em ti.
Para mim?
Para os que sabem ler.
Amanhã vou para dentro de ti.
Não gosto que invadas assim o meu espaço.
Não sabia que o meu amor era um astronauta.
Não sejas parvo.
Vou para dentro de ti. Sabes onde fica?
Nem quero adivinhar.

Pedro Paixão, in Muito, meu amor

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

...

Torradas de mel com golos pequenos de chá na varanda de casa, terras de Espanha ao fundo, e o seu corpo quente ainda na memória.
«Esquece-te de tudo.» dizia. «Fica só com o sabor quente do chá e os olhos a piscarem da luz demasiado intensa. Deita pela varanda fora tudo o que tens trazido agarrado a ti: pequenas falhas, anseios, desejos vagos, o livro por escrever.»

Fecho os olhos e ao tocar no chá quente com os lábios concentro-me unicamente num rasto do seu corpo ainda quente nos meus dedos. O amor nada tem a ver com a mentira ou a verdade, eu aprendi. O que o amor muito grande faz é enlouquecer e eu já enlouqueci.